28 de novembro de 2010

Os velhinhos All Star



Os dias já apertavam de frio!
Ele pouco importado com isso, apenas vestia um blusão de ganga, uma T-xirt preta e umas calças de ganga, desfiadas, bem junto onde calcavam os seus ténis sujos All Star, já bem "comidos" de lado.
Certificou-se de que aquela era a rua certa. O terceiro prédio...
O quarto dela tinha a luz acesa, lá bem acima, isolada de tudo, aparentemente.
Ele, sentiu um desconforto algures entre o estômago e o esterno...
Abeirou-se da porta, olhou para o painel das múltiplas campainhas e carregou, primeiro a medo, ao de leve. 7º E. Ninguém respondeu.
Inspirou fundo, carregou mais duas vezes, agora toques decididos, com personalidade. Ninguém respondeu.
Deu quatro passos atrás, olhou novamente para cima, e a luz continuava acesa. Dava para perceber que uma sombra inquieta se agitava para trás e para a frente, mas a porta continuava fechada.
Já sem esperança, tocou novamente, já descrente e a desejar que ninguém respondesse...
Deu novamente quatro passas atrás, encostou-se por instantes a um carro estacionado, enquanto se recompunha, e virou costas.
De olhos cravados no chão, apercebeu-se que os anos já tinham passado. Já não era o mesmo. Nem ele nem ninguém.
A calçada do passeio estava agora mais suja, não eram os sapatos de verniz dos que hoje por ali passavam, que lhe iriam puxar o lustro.
Nem à calçada nem a ele.
Já estava cansado. Longe iam os tempos em que os cansados eram apenas uns... os velhos ténis All Star.
Os velhos All Star que, em tempos, àquelas pedras, tanto brilho deram...




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