25 de julho de 2009

Elevações



O dia começou mal, mas estava para acabar pior.
As imagens começaram a tornar-se turvas e as pessoas simples elementos externos à minha intervenção.
Um copo cheio de vergonha que mandei abaixo em dois tempos, umas calças descaídas já rasgadas de tanto no chão roçar e uns tenis velhos empoeirados eram o complemento da minha figura.
O mundo começava a virar com o propósito combinado de me mandar abaixo, mas eu resisti dessa e doutra vez.
As vozes à minha volta eram de alegria, mas à alegria já eu estava imune.
Rasguei com as vozes e rompi noutro caminho de curvas que ainda à pouco não estavam ali.
Que me empurrem se quiserem, não me importo... Cair e não mais levantar. Só eu, o chão e as pequenas areias que se vão cravando à minha pele e que eu vou suportando com este anestésico.
...
Ao fundo começo a ouvir um pequeno eco de palmas que sai de um aglomerado de gente. Vibram como quem vibra quando ouve algo que o conquista pela primeira vez.
Abro os olhos, levanto-me apoiado nestes primeiros acordes, sacudo as pedras e encosto-me a um poste com a cara marcada.
Ali fico, de olhar semi-cerrado a beber daquele negativismo que me traz à sobriedade por haver alguém que canta este meu momento.
De repente, vejo-me a embalar ao ritmo de umas teclas e a saltar sozinho de felicidade, solto do mundo e dono de mim.
A Silent Film - You will leave a mark

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