15 de junho de 2009

Comunicado parte I



Com os valores normativos completamente fora de mão, senti-me obrigado a deslocar novamente até à "Vila dos Pedidos Mais Estranhos". Parti no dia 11 e cheguei ontem à noite, perdido e sem norte, o que vem a justificar esta minha ausência do Blog para lá do que eu tinha planeado para este mês de Junho.
Tudo começou quando em plena madrugada me tocaram à campainha. Lá abri um olho a custo, olhei para o relógio - 03h20.Tocaram novamente e aí levantei-me com alguma preocupação.
- Quem é?
- Fiscal para a liberdade de expressão - Sociedade Portuguesa dos Blog´s Anónimos.
- Quem?
- Abra a aporta! Venho apenas para o notificar.
- Sim?! Bom dia, ehrrr, boa noite, quer dizer... é para quê?
- Estou aqui apenas para lhe entregar esta carta. Tenha um resto de boa noite... se conseguir.
E foi assim, virou costas sem dizer mais nada. Eu ali fiquei, com uma carta na mão, olhos semi-cerrados e ainda sem perceber muito bem o que se passava.
Rasguei o envelope e numa leitura diagonal:
"... tem cinco dias úteis para se fazer representar junto das nossas instalações. Faça-se acompanhar de identificação pessoal ,não esquecendo a sua licença individual para escrita no Blog de que faz parte..."
Larguei tudo, vesti umas calças e a primeira T-xirt que vi, lavei a cara e fui de imediato para Santa Apolónia. Ainda era noite cerrada, estavam dois sem-abrigo embrulhados em papelões ao fundo das escadas que davam acesso à estação. Lá dentro três pessoas, cada uma em seu canto, de cabeça pendente à espera da sua hora.
Procurei no painel de saídas - "Vila dos Pedidos Mais Estranhos". O comboio partia apenas às 04h36. Tinha ainda cerca de meia hora para encaixar ideias, mas o ar abafado que se fazia sentir não me deixava fazer o mais simples raciocínio. Porque será que eles querem falar comigo? Será que o Cephas Zoth e o WalterLove também foram notificados?
O comboio chegou pelas 04h36.
Entrei para a última de duas carruagens. Lá dentro apenas um senhor de certa idade, olhava fixado para a rua, como se dissesse adeus a alguém que não estava lá. O ar quente e saturado foi cortado por um apito grave que anunciava a intenção do maquinista.
De repende as luzes apagaram-se e ouviu-se um enorme estrondo.

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