8 de abril de 2009

Insónias




Dou duas voltas na cama.
Puxo os cobertores que agora ficam descaídos.
Dobro as pernas, um pouco depois estico-as ... coço as costas por uma comichão passageira.
Mais uma volta, e ajeito a almofada.
Não consigo dormir, e aquela ideia... aquela ideia simplesmente não me sai da cabeça.
Levanto-me e vou descalço até à cozinha, enquanto me concentro no som dos meus calcanhares aos balanços cravados contra o chão.
Abro o frigorífico, e não vejo nada de jeito para me satisfazer esta ânsia.
Pego num pacote de leite aberto e meto à boca três golfadas que me gelam a garganta e a cabeça.
Arrasto a janela lentamente enquanto ganho coragem para me debruçar sobre ela.
Não se ouve ninguém, as luzes dos passeios lá em baixo continuam acesas, e a espaços vejo uma luz nos prédios em frente ao meu.
Ao longe um cão a uivar, e eu deste lado, respondia baixinho mas apenas dentro da minha cabeça ao latido dele.
Às vezes temos que saber como cortar, e limpar a cabeça por meia hora que seja.
Pensar de luz apagada, e ouvir baixinho uma música que ao longe nos vai lancetando o pensamento.
A cabeça começa lentamente a cair, e as ideias a bater bem lá no fundo, como pratos que estilhaçam no chão e nos cortam lentamente qualquer ideia mais eufórica que possa aparecer.
Embora seja por pouco tempo, não quero saber de alegrias ou de felicidades, entendimentos ou desculpas.
Não ouvir ninguém, atentar apenas à voz derrotista que nos teima em afogar hoje, mas que como sempre acontece, acabará por ser tornar a principal responsável por nos ensinar a nadar.
Hoje quero ficar chateado, sisudo, mais que isso até, quero ficar pensativo!

2 comentários:

Lina disse...

Bem-vindo ao clube.

Fan do video Interrail disse...

Parabéns Zap...Reforça a ideia de ler o texto e ao mesmo tempo ouvir o "Trouble". LOL