29 de julho de 2006

Vento...

A tarde caía!
Sentado à beira do mar, naquele cantinho que podia ter sido nosso, via o meu velho amigo como se fosse um desconhecido.
O sol tocava no mar produzindo aquele feixe de luz avermelhada que caracterizava o pôr-do-sol. O mar batia nas rochas como se quisesse chegar até mim, produzindo a característica espuma branca como se tivesse a espumar de raiva por não o conseguir.
Tinha passado pouco tempo desde a última vez que tinha estado contigo. “Aquela vez” que sabia agora, tinha sido a ultima.
Perdido nos meus pensamentos, alguém me interrompeu:
― Olá! – era a voz de uma criança – que tens?
Impulsivo, quase lhe respondi mal. Mas o que me saiu foi:
― ‘Tou triste, só isso…
Com a curiosidade que caracteriza as crianças, ela quis saber mais:
― Que te aconteceu?
― Perdi uma pessoa importante.
― Eu também perdi o Guly!
Surpreendido com a resposta e já a adivinhar sarilhos, sem saber o que fazer perante uma criança sozinha, que tinha perdido alguém, perguntei:
― Quem é o Guly? É o teu irmão?
Com uma gargalhada que me deixou por momentos ainda mais confuso, ela disse:
― Não tenho irmãos, era o meu peluche preferido…
Incrédulo com a estupidez do meu pensamento e sem resposta olhei de novo para o mar, mas ela insistiu:
― Não penses mais nisso… arranjas outra pessoa assim! Olha, eu arranjei outro.
E mostrou-me um boneco que ainda não tinha visto, tirando-me um sorriso que nem eu sabia ainda possuir e atirando-me de novo para a nostalgia.
Acordei para a despedida com ela a dizer que o pai a chamava e despedi-me.
O vento que corria soprou então no meu ouvido a dizer que não havia volta a dar.
Em pouco tempo a palavra “nós” deixou de ter significado e voltou a haver simplesmente o “eu” e o “tu”…

4 comentários:

Anónimo disse...

Hoje queria ver o pôr o sol.
O lugar era numa falésia que cumprimentava o mar todos os dias,a todas as horas, em todas as marés.
Corri e corri para chegar a tempo. quanto mais corria, mais me convencia que não ia chegar a tempo.
Cheguei, já era noite.
Fiquei triste.
Talvez o dono do Guly tenha razão.
Amanhã vai haver novo pôr do sol.
Provavelmente muito mais bonito e verdadeiro.
Provavelmente muito mais duradouro.
Talvez já nem me lembre do que perdi hoje.
Talvez o que perdi hoje, seja apenas para dar valor ao de amanhã.
Só por isso, acordar amanhã, vale a pena!

Anónimo disse...

Sublime...pouco mais há a dizer. Axo q este blog tem tudo para passar de project a realidade

ZapporssoN_81 disse...

Às vezes até me quero esquecer que a vida tem sentido único, mas de uma forma ou de outra, algo ou alguém, embora pareça que não, acabam por nos mostrar que a vida é uma auto-estrada.
Na maioria das vezes, não há como voltar atrás.

Segue-se em frente...

Anónimo disse...

Uma vez disseram-me: "a vida é feita de momentos de eternidade que por muitas voltas que dês já mais se repetirão... permanecerão para sempre no teu coração.." tanto as coisas boas como as más o importante é tirares sempre algo de positivo das situações adversas que te acontecem.........De facto e tal como o Pedro diz (Zap =P lol) a vida equipara-se a uma auto-estrada por vezes temos vontade de voltar para trás mas... já não dá... temos que saber dar a volta por cima das situações e sair sempre de cabeça erguida. =P... ás vezes custa.. mas nada é impossível e tudo nesta vida tem solução.. menos a morte......por isso vive sempre com a certeza que um dia encontrarás a verdadeira felicidade........ =)Beijinhos da Laudinha (4CLE UATLA =P)