6 de maio de 2006

Viagem de Finalistas - Brasil


Do altifalante saía uma voz feminina que dizia “...o voo terá uma duração de aproximadamente 6 horas e 55 minutos, desejamos a todos uma boa viagem...colocar os cintos de segurança...dentro de momentos voltaremos com mais informações...”.
Pela janela, via todo aquele mar de luzes que foi o meu mundo por 9 dias. As luzes eram amarelas, um amarelo que transmitia as ultimas impressões da magia daquele que é um lugar quente por natureza, e que me fez pensar em como seria se eu ali tivesse chegado à 500 anos atrás.
Sou interrompido neste meu devaneio pelo Sr. que está sentado ao meu lado esquerdo e que de 10 em 10 minutos teima em ir esticar as pernas...
Queria ver como é que ele faria, se tivesse umas pernas do tamanho das minhas...
Agora que começo a pensar bem, sinto algum vazio...( e não, não é no meu estômago)!

De que serve ter um carro, quando não se tem carta de condução?
De que serve fazer uma festa de aniversário, sem a presença dos melhores amigos ?
De que servem duas vidas paralelas, se só se pode viver uma?
De que serve ser feliz, se não se tem com quem sorrir?
De que serve uma viagem de finalistas, sem aqueles que realmente o são?
Bem, prefiro pensar nos passeios nas dunas desertas, nos corais, nos peixes, nos banhos em águas realmente quentes, na fazenda de cana de açúcar que me transportou para o Séc. XIX, na praia dos golfinhos, naquele pôr do sol, ou mesmo naquele ambiente de samba contagiante, em que os nossos olhos começam a bailar, atrás da sedução que se esconde naquele ritmo, naqueles passos, que artisticamente saem disparados fruto dalgum sangue quente, outrora latino...
Adorei o Brasil, mas lá que teria um gosto diferente convosco, isso teria!


2 comentários:

Anónimo disse...

Partilhei grande parte das mesmas experiências que tu, aliás grande parte dessas mesmas experiências foram conjuntas... A água quente ao fim do dia, o sol a transformar-se em lua numa perspectiva sub-aquática que nunca havia experimentado, o passeio a cavalo, o mergulho no coral em que peixes e homens se tornam um só, o cheiro de um novo continente, o contacto com pessoas tão diferentes de nós e ao mesmo tempo tão iguais... Partilho da mesma opinião que tu, nada teve o mesmo gosto que teria com a presença de algumas pessoas... Muitas experiências ficam perdidas com as ausências dessas pessoas... No entanto não é mau de todo. Abre uma nova perspectiva, a perspectiva de uma nova viagem na companhia dessas pessoas para ter as experiências que não foram possíveis de alcançar sem elas... Para findar este pequeno texto que me faz recordar tantas sensações que quase consigo sentir o calor a invadir o meu corpo, o Brasil nunca será perfeito... para ser perfeito precisava que todo o meu Portugal se mudasse comigo...

Anónimo disse...

Quando estamos junto dos que gostamos nem sentimos a falta... às vezes até pelo contrário achamos que estamos fartos dessas pessoas! Quando começamos a sentir a lei do universo, que faz com que tudo se separe da massa original de onde foi criado, um vazio apodera-se de nós. Olhamos para o futuro e tudo o que vemos são sombras, tentamos esquecer que nos vamos separar e cada vez mais esse pensamento se apodera da nossa mente. Obrigado pelos muitos bons momentos que proporcionas-te, pelos sorrisos que me fizes-te dar e pelo muito que me ajudas-te a crescer. Desculpa ter falhado nesse momento, mas como as partículas do universo a separação começou no dia em que nos conhecemos… Hoje posso dizer que fazes parte de mim, porque um bocado da minha personalidade devo-a a ti! ;-P