4 de março de 2010

Não vou chorar...



Até aqui, apesar de sermos dois, apenas eu tinha feito para que acontecesse.
Mas naquele dia, estranhamente pela primeira vez, tinha deixado de ser eu a arrastar-nos pelo caminho cheio de impossibilidades e tinhas sido tu a puxar a carga que teimava em não avançar.
Combinámos e eu preparei o jantar para dois.
Poucas foram as vezes que o tinha feito e a bom da verdade nunca para uma ocasião como esta.
Com o aproximar da hora, uma fúria incontrolável saltava no meu peito e o medo teimava em aparecer.

Chegou a hora!
Não tinhas chegado ainda.
Passou da hora...
Não apareceste!
Nem sequer a tua voz.
Sempre foi assim. Apesar de não acreditar poder chegar ao fim do caminho, havia qualquer coisa que me fazia sempre ganhar vontade de querer avançar.
Talvez fosse porque quando entravas, tudo à volta desaparecia, e quando saías, dava vontade de chorar.

O que fazer?
Será que não consegues ver o que está à tua frente?
Porque é que tens de fugir?

Não vou chorar, já me fartei disso!
Não vou correr atrás… não fazes sequer por o merecer.
Vou antes gritar. Gritar a minha independência.
Passar a andar com os meus pés, sem esperar ter o teu suporte.

Perdido nos meus pensamentos penso em ti...
Já esqueci!
Simplesmente, vou chorar!

7 comentários:

CarMG disse...

Como se fosse assim tão fácil esquecer.
Houvesse um botão escondido que podesse ser accionado sempre que necessário. Não se trata de apagar nada para trás, não faria sentido assim o ser. Mas apagar o sentimento, os sentimentos que já não são mais necessários. Que deixaram de fazer sentido. Porque... sim...
Houvesse tanto mais...
... e talvez haja...

Anónimo disse...

talvez dos textos mais sentidos, que já li neste espaço.
Quando se chega ao limite das tentativas, só resta desistir. Ter a capacidade de encarar que só um a remar, não tem sentido.
Parabéns pela escrita, leve e cheia de sentimento. Arrepia quem está do lado de cá.

Ps: faz um favor a este blogue e dá-nos mais de ti.
ps2: vê lá se visitas o maçã e canela

Raquel disse...

O perto e o longe são apenas noções espaciais que se entrelaçam no tempo. A vida nem sempre é fácil. O espaço e o tempo insistem em dançar num rodopiar alternado que apenas nos confundem.
Umas vezes choramos, outras rimos, mas sempre com a certeza que os sentimentos são verdadeiros e do mais genuino que existe.
Chora quando tiveres que chorar. Estarei a teu lado para te apoiar. Ri quando tiveres que rir. Estarei a teu lado para soltar a mais pura gargalhada.
Mas pede ao tempo para se orientar e ao espaço para se localizar. Se não..., se não ainda irei chorar muito e não será apenas num futuro práoximo.

Cristiano Moreira disse...

Quando tentamos e damos tudo o que temos e mesmo assim não resulta, só nos resta mesmo desistir.
Se ela veio faz o mesmo: não vás.
Parabéns pelo texto, deitaste tudo cá pra fora.
Um abraço.

Estrelinha disse...

Ainda não tive tempo de ver o teu blog por completo, mas o que vi... Simplesmente fantástico...

MentalMente disse...

Efectivamente podemos chegar à conclusão que a chuva anda a afectar muitas pessoas... Observa-se um baralhar de sentimentos que me choca e mete impressão...
Não se analisa o porquê de alguém não ter aparecido?? Onde está a tolerância? as conversas do para quê e do porquê? o pensar X vezes nos pós e nos contras?
Todos temos defeitos e virtudes e na maioria das vezes não basta mudar de "parceiro". Venha o Sol para animar a malta...até na "ficção".

Vanessa disse...

Não sei quem é quem... mas este é simplesmente fantástico!