6 de dezembro de 2009

Estranho II

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Estranho como os anos passaram...
Estranho mesmo as coisas a que eu recorro, apenas para disfarçar a tua ausência.
Tu continuas a não responder, atender, devolver... E a casa continua assombrada pela tua não presença.
Dias, que aos poucos foram sendo encostados pelas semanas.
Meses, que sem piedade continuas a ignorar.
E anos, que automaticamente se agarraram a alguns desses meses, meses que teimas em prolongar.
Difícil seria admitir que o ruído da televisão o é, apenas porque ela de noite continua ligada... Numa infundada esperança de preencher um pouco do silêncio, que um dia cá em casa deixas-te esquecido.
Difícil seria admitir que os ruídos da cozinha, não eram mais do que saudades dos teus frenéticos e impiedosos ataques a meio da noite ao nosso frigorífico... Difícil.
Difícil será admitir que pela primeira vez, monto este presépio sem os teus detalhes e preciosismos, que constantemente atropelavam o meu mais puro atabalhoar.
Tenho saudades desses difíceis...
Ligaste-me agora.
Tu não falas-te, mas eu sei que foste tu!
Ouvia lá ao fundo o batuque de um cego, que decerto percorria o longo corredor da carruagem do metro em que tu te encontravas.
Sei que eras tu, porque sim!
Sei, porque depois destes anos todos, ainda me lembro de quando respiravas assim!

1 comentários:

CarMG disse...

wow...
gostei...
:)