12 de dezembro de 2009

Transparente



Entro no metro, cheio, cheio de gente.
Sento-me mesmo à tua frente e tu nem reparas.
Não reparas que eu te olho insistentemente de relance.
Vejo-te fazer caretas para o vidro assim que entramos nos túneis. Deitas a língua de fora, entortas os olhos, enches as bochechas de ar, levantas as sobrancelhas, mostras os dentes e fazes bolas com a saliva.

Sento-me no banco à tua frente e tu nem reparas.
Olhas-me com um olhar tão leve e despreocupado que facilmente me apago de qualquer intenção...
Tu, juiza de ti ou de alguém, que certamente ali não está. Muito menos aquele invisivel transparente sentado mesmo à tua frente.

1 comentários:

MentalMente disse...

Gostei deste algo confuso "transparente".