22 de setembro de 2009

Decisões - Parte II

Ver parte I

Três meses antes...



Corre o mês Agosto. 40 graus à sombra.
Ele senta-se na esplanada com vista para a praia, ali bem no meio de toda a gente. Como de costume... todos os anos, da mesma maneira e no mesmo lugar.
Calções curtos, t-xirt manga cava, chinelo gasto, cabelo moldado pelo repouso de uma sesta fortuita e cara descansada de preocupações.
Põe a mão ao bolso e com o que encontra, cinco ou seis moedas pretas, manda vir algo que lhe permita gozar este momento, só seu.
Debaixo do chapéu de sol, rende-se. Escondido no meio das conversas de tantos outros, vai sofrendo as consequências de um vento quente amolecedor, que o empurra para a tentativa frustrada de se refrescar com o que ainda vai restando de uma bebida perdida entre três cubos de gelo.
Agita freneticamente o copo na esperança de multiplicar aquele resto de líquido, como quem ignora inocentemente o mundo à sua volta. Sem pensar que alguém o pode olhar, que vale a pena olhar ou mesmo ser olhado.
Por pouco tempo.
Lá ao fundo, surge alguém que vê de perfil. Um perfil dissipado e enevoado pelas ondas que o calor liberta num inicio de tarde como este.
Corpo franzino, andar descontraído e olhar preenchido. Preenchido não por alguém, mas sim por uma certeza sobre si, só podia...
Ela reparou que ele a olhava. Em jeito de provocação, não mais o espreitou mas fez por passar por ele a contar lentamente os passos que dava enquanto deixava para trás um rasto a protector que ele foi incapaz de ignorar.
E foi assim que ele, duma maneira leve demais para ser credível, foi arrancado contra vontade de um estado de apatia e letargia em que se tinha deixado cair...

Outra vez não, não pode... pensava ele

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