20 de junho de 2009

Voo 447


Naquele dia sentia-me estranhamente feliz…
Assim que acordei aflorou-se um sorriso na minha cara.
Por um lado não dava para entender até porque era o último dia daquelas férias, mas por outro tinha sido nestas férias que tinha ganho uma nova vida. Tinha sido nestas férias que me tinha libertado de muitas das dúvidas e fantasmas que me ocuparam a cabeça até então.
Foi por isso com toda a descontracção que tomei o banho matinal, vesti uma t-shirt, pus uns calções, calcei as chinelas e peguei nas malas em direcção ao aeroporto.
Mais uma vez me senti estranho pois o tempo dispendido em check in’s e entrada no avião passou num ápice, sem tempo sequer de folhear toda a revista pousada por um outro alguém na sala de embarque.
Conforme me sento mais um sorriso se aflorou na minha face quando reparei que, uma jovem que faria qualquer homem lançar um piropo, olhava para mim com um olhar penetrante, corando ligeiramente quando os nossos olhares se cruzaram.
Estranhamente indiferente, deixei-me ficar. Estava feliz!
Já tínhamos saído do continente quando me deu a vontade de escrever.
Liguei o PC conectei-me ao blog que tinha à anos com mais dois colegas e comecei a escrever sobre aquele estranho dia.
Já o texto ia a meio quando a confusão se gerou no avião. Algo não estava bem!
Estranhamente não me mexi… continuei a escrever, e o mais estranho é que mais uma vez o sorriso apareceu no meu rosto.
Passado um tempo já todos sabiam do inevitável, e o inevitável passava pela queda do avião.
Enquanto todas as pessoas à minha volta se deixavam engolir pelo pânico eu procurei a lista telefónica.
Escrevi a primeira mensagem para a pessoa mais importante para mim com um simples “Amo-te”.
Seguiu-se outra sem sequer ter de procurar muito, com um “Cuida do pessoal ai em casa!”
Depois fiquei a pensar nas pessoas para quem ainda queria mandar correndo o risco de não conseguir mandar para todas. Já que estava no R mandaria uma a dizer “Gostava de ter partilhado mais contigo.”, saltaria rapidamente para o P onde deixaria uma a dizer “O passado influência directamente o presente e o futuro.” no S deixaria o típico “Tem juízo”, M diria apenas “Tiveste nas mãos o poder de mudar o meu coração.”, no W um “Queremos rápido putos a correr à nossa volta” e no Z um “Voltarei quando voltares.”.
Quando ia fazer a tentativa de enviar uma geral a dizer o meu típico “Até…” reparei que estava em queda livre.
Enquanto carregava no botão “publicar postagem” um sorriso aflorava no meu rosto e uma lágrima caia pelo último post.

5 comentários:

CarMG disse...

Se, por um lado, se diz que a vida toda nos passa pela cabeça num segundo quando presumimos que algo drástico e definitivo nos está a acontecer, a vontade de dizer algo a todas as pessoas que conhecemos também deve vir a par.
Quanto mais poderemos dizer a quem queremos bem?
E a quem queremos mais ou menos?
E a quem nem sequer queremos?

A vocês, digo-vos que também voltarei quando voltarem :)

Larah disse...

Já tentei várias vezes imaginar como seria se isso me acontecesse...
Penso que manteria a calma, penso que toda a gente à minha volta iria gritar, penso que nem sequer me iria lembrar do telemovel,mas penso que não me iria esquecer de ocupar a mente naqueles ultimos segundos com as pessoas que me seriam mais importantes!

Anónimo disse...

É bem verfdade que quem vê caras não ve corações

Anónimo disse...

Os dias vão passando com a rotina a apoderar-se de nós, de tal forma que todos os gestos são iguais aos do dia anterior. Não nos apercebemos que o café da esquina fechou e que uma "loja Chinesa" ocupa o seu lugar,que o vizinho do lado afinal já não é o mesmo, e mais grave que isso, não nos apercebemos o quanto gostamos de determinadas pessoas. São os momentos de aperto e de aflição que nos fazem pensar que afinal há pessoas importantes para nós e que nos preocupamos com elas. E, são essas mesmas pessoas que até aparecem para nos apoiar quando mais precisamos, sem pedir nada em troca, apenas oferecendo um ombro amigo. Mas, por vezes um simples "Gosto muito de ti!" daria um sabor especial.
Era bom que parássemos um pouco e déssemos valor ao que é realmente importante!!!
Beijos da amiga Raquel
E nunca te esqueças: "gosto muito de ti!"

Anónimo disse...

Até...