6 de outubro de 2008

Paris para sempre - Parte I


Ele um turista, agora pela primeira vez em Paris, tão dono de si, que só isso bastava.
Ela uma independente, mas perdida no olhar, duma maneira que ele nunca perceberia e que atribuiu ao facto de ser Francesa. Trazia consigo uns olhos rasgados, mas tão rasgados que ao primeiro olhar o mandaram abaixo.
Conheceu-a na Voie de Georges Pompidou quando lhe pediu num Francês arranhado, para tirar uma fotografia com a Torre Eiffel atrás.
"- Vous avez à sourire", dizia ela, perante o olhar atónito dele.
"- Oui, oui, pardon". Sabia que tinha ficado com uma cara um pouco estranha, mas isso pouco importava.
Não foi preciso muito para que aquele sotaque, de uma língua que ele nem sempre entendia, o tenha agarrado por completo. Ele de tudo fez para a agarrar também, e parecia que o tinha conseguido, quando ouviu da boca dela:
"- J'espère pour vous aux dix heures et demie...".
Ele não entendeu tudo. Entendeu o que lhe interessava e o que lhe interessava eram as palavras "esperar" e as "dez horas e meia".
Combinaram novo encontro junto ao Senna, pouco depois, tão pouco que ela mal teve tempo de ir a casa disfarçar o entusiasmo.
Morava sozinha desde os 16, dizia que queria ser pintora. Tinha agora 23 anos e um 4º andar com águas furtadas, na AvenueEylau com vista para a imponente Torre Eiffel e para o local onde eles se tinham visto pela primeira vez.
Ele cedo se preparou. Estava alojado numa estalagem barata com espaço para uma cama feita com lençóis que aparentavam estar lavados, e uma janela que quando aberta fazia as vezes de uma varanda. A casa de banho era comum a todos os hospedes daquele andar e ele cedo se apoderou dela tomando um rápido banho quente, na esperança que isso apressa-se o relógio.
Devagar, muito devagar chegou a noite.
Entre a conversa em Francês, Português e Inglês que parecia não ter fim, ele deu-lhe a mão...

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