− “Chovia no momento em que abri a porta... e nos momentos seguintes a água não deixou de cair. Subiu um arrepio pelo frio que os meus olhos viram. Desceu pelo frio que a pele descodificou. Olhei para o lado, lá estava ela... estática, ancorada, à minha espera. Deixei ali a minha companheira de solidão que fielmente ficou. Pelo que vi, há muito que a chuva a banhava. Hesitei um segundo, mas no segundo segundo avancei.
A água começou por beijar-me as costas.
Não fugi - o cabelo e todo o corpo depois... água!
Água que caia do céu e água que repousava no chão debaixo das rodas
Loucura deve ter sido a palavra que flutuou na cabeça de todos que me viram passar. Que bom! Que liberdade....
Essa, a água, molhou mais fundo que a roupa interior. O frio depois deixou de existir, mudou de nome.
Modificou-se, transformou-se em água salgada nos meus olhos.
Triste. Hoje estou.”
−Ao mesmo tempo alguém corria de um lado para o outro entre quatro linhas que delimitavam o terreno de um jogo!
Começou a cair a primeira gota e sentiu-se um momento de hesitação
Continuamos!
"Ouviu-se" sem sequer alguém libertar uma palavra
A chuva tornou-se mais forte e veio à lembrança momentos da infância quando até à chuva se passavam os intervalos a jogar...
Que nem putos jogaram até molhar roupa e corpo, até "lavar" corpo e alma...
A água que caia misturava-se com o a água que saia dos corpos cansados!
2 comentários:
Hoje não há baptismo nem banho de lágrimas. Não há frio nem roupa molhada. Há memórias, há pedaços de vazio e ilhas de palavras escritas. A água caíu do mesmo ponto e em pontos distintos, nos nossos... e num paradoxo acendeu emoções. Conversas... Conversamos?
Conseguiste fazer com que chovesse deste lado também... estás lá, menino!!! continue a escrever assim... ;)
beijoo
anaalvarenga
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