6 de setembro de 2008

Conversas II

“Chovia no momento em que abri a porta... e nos momentos seguintes a água não deixou de cair. Subiu um arrepio pelo frio que os meus olhos viram. Desceu pelo frio que a pele descodificou. Olhei para o lado, lá estava ela... estática, ancorada, à minha espera. Deixei ali a minha companheira de solidão que fielmente ficou. Pelo que vi, há muito que a chuva a banhava. Hesitei um segundo, mas no segundo segundo avancei.

A água começou por beijar-me as costas.

Não fugi - o cabelo e todo o corpo depois... água!

Água que caia do céu e água que repousava no chão debaixo das rodas

Loucura deve ter sido a palavra que flutuou na cabeça de todos que me viram passar. Que bom! Que liberdade....

Essa, a água, molhou mais fundo que a roupa interior. O frio depois deixou de existir, mudou de nome.

Modificou-se, transformou-se em água salgada nos meus olhos.

Triste. Hoje estou.”


Ao mesmo tempo alguém corria de um lado para o outro entre quatro linhas que delimitavam o terreno de um jogo!

Começou a cair a primeira gota e sentiu-se um momento de hesitação

Continuamos!

"Ouviu-se" sem sequer alguém libertar uma palavra

A chuva tornou-se mais forte e veio à lembrança momentos da infância quando até à chuva se passavam os intervalos a jogar...

Que nem putos jogaram até molhar roupa e corpo, até "lavar" corpo e alma...

A água que caia misturava-se com o a água que saia dos corpos cansados!

No fim a satisfação de uma vitória, a felicidade de uma hora bem passada...

2 comentários:

Edelweiss Nichtkessel disse...

Hoje não há baptismo nem banho de lágrimas. Não há frio nem roupa molhada. Há memórias, há pedaços de vazio e ilhas de palavras escritas. A água caíu do mesmo ponto e em pontos distintos, nos nossos... e num paradoxo acendeu emoções. Conversas... Conversamos?

Anónimo disse...

Conseguiste fazer com que chovesse deste lado também... estás lá, menino!!! continue a escrever assim... ;)

beijoo

anaalvarenga