17 de maio de 2007

19h37

São 19h37. Conduzo marginal fora, sem ninguém a meu lado. Lá fora ainda estão 26ºC, resultado de uma tarde daquelas bem quentes.
Na rádio uma qualquer música, que só por passar nesta altura se torna especial.
Agarro o volante com a mão direita. Estendo o braço esquerdo para fora do carro, e não resisto à tentação de fazer com a mão pequenas ondas, enquanto os dedos vão rasgando o curso normal do vento.
Desvio propositadamente uma lufada de ar quente e seco em direcção à minha cara, que rapidamente me seca os lábios.
No horizonte o sol vai-se pondo lentamente, visivelmente cansado após um dia tão extenuante. Aos poucos vai fechando os olhos, como uma criança que rapidamente cai no sono, até que se apaga como quem vai de encontro ao seu cinzeiro diário, o mar.
A buzina rouca assinala a marcha do comboio da linha de Cascais.
Para muitos dos que nele vão, este é o fim de dia ideal, e sei que só para viver este quadro escolhem propositadamente no Cais-do-Sodré um banco com vista para o mar, nem que para isso tenham que procurar até a última carruagem.
Eu também procuro, procuro por quadros assim.

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