12 de janeiro de 2007

Pó a mais, ou vontade a menos?

Tlim, tlim!!! ( E eu que pensava que estas campainhas só existiam nos filmes)
Tlim, Tlim, Tlim!
Indivíduo (I.)– Está aí alguém?
Olho em volta, é a visão é impressionante! Realmente estes tipos fazem uma boa propaganda ao produto que exportam...
Olhei para a palma da minha mão direita e estava cheia de pó, daquele já cinzento a querer ganhar volume (já vi que estou no sítio certo!).
À minha frente, vejo uma grande estante com exposição dos vários tipos de pó, onde até as faces das prateleiras viradas para baixo têm pó.

Homem do Pó (H.P.) - Em que posso ajudá-lo?
I.- Ah e tal, desculpe mas eu recuso-me a falar com pessoas que não vejo.

H.P. – Desculpe eu, mas é que hoje trouxe o fato do tipo PÓ-invisil, aquele que tanto irrita as pessoas, pelos vistos esse é o seu caso...
I.- Não faço comentários...nem alimento boatos! Mas pronto, vamos ao que interessa. Venho por este meio, expor a minha vontade em fazer uma renegociação do contrato que os meus pais fizeram com este estabelecimento aquando da compra da casa. Já começo a ficar um pouco intrigado de onde é que aparece tanto pó.

H.P. – Pois não, deixe-me então procurar aqui o contrato...eehhrrrr... é o que esperava. O Contrato já foi feito à mais de 25 anos, certo?
I.- Certo...e...?

H.P. - Sendo assim, os seus pais foram brindados pela altura do natal passado, com mais 15% do nosso pó de elevadíssima qualidade. Um pó, que passa pelas mais avançadas refinarias sediadas além país.
I.- Pois exactamente, é mesmo essa percentagem a mais que encontro perdida no meu quarto todas as santas semanas. Mas o mais grave é que agora vem em forma de novelos do Farowest, e isso já é demais!!!

H.P. – Vai-me desculpar mais uma vez, mas como eu já lhe disse, tal incremento vem mencionado nas miúdas do contrato. O que costuma acontecer na maioria dos casos, é que todos os casais preferem apenas começar a receber o pó tipo "novelos", quando os seus filhos já têm idade para ajudar nas lides da casa.Mas pelo que vejo, a sua ajuda não é assim lá muito efectiva, porque se aspirasse mais...
I.- Esta conversa já está a ir longe demais! Oiça lá, não há hipótese de vocês fazerem esse deposito, mais precisamente, no nosso caixote do lixo??? Assim ficávamos todos contentes...

H.P.- Mas o Sr. pensa que nós aqui somos parvinhos?! Nós sim, cumprimos os nossos contratos! Não é por acaso que recebemos 50% das vendas de todos os aspiradores em território nacional! Eheh.
I.- Já estivemos a falar melhor...Voltando aos novelos, não poderiam trocar o modelo de Farowest que vocês tanto gostam, pelo modelo que trás vestido? Sempre é mais agradável à vista... É que isto de estar sempre a aspirar não dá com nada!

H.P. - Vamos ver o que podemos fazer. Em breve receberá a nossa resposta... em pó claro está.

4 comentários:

Anónimo disse...

Lolol :P muito fixe o texto! "Em breve receberá a nossa resposta... em pó claro está."
Mais um grande momento de inspiração.. só alguém especial como tu consegue tranformar momentos como os da limpeza do pó em situações que nos fazem sorrir..!! =) Bjinhos gands
***Laudinha***

scatman_tony disse...

Puro talento! Tenho acompanhado os teus textos ao longo do tempo, textos espectaculares, textos que fazem pensar, rir, chorar...mas, sobretudo, que nos fazem estar agarrados ao ecrã, devorando cada palavra.

Acerca deste texto, impressionante como consegues "pegar" num tema como o pó e desenvolvê-lo de uma maneira tão atractiva e dinâmica.
O diálogo está muito bom, destacando-se pela enorme imaginação e uma variedade de vocabulário impressionante.

Classificação: 5 estrelas

PS:Anseio por mais textos.

Cláudia disse...

Bem, não sei se entretanto já tiveste alguma resposta, mas se realmente conseguires arranjar desse pó que não precisa de estar constantemente a ser aspirado por favor...avisa-me! Considera isso um bem para a humanidade (ou para uma pequena parte dela). ;)

Fox disse...

Ora aqui está! Mais um texto maravilha com o carimbo do Peter Zapporsson que já não me lembrava de ver hà uns tempos!
Essa imaginação parece a horta do meu avô, fértil até mais não!
Mas parece incrível como é possível alguém sentar-se em frente a um computador e conseguir não só dissertar sobre um assunto como o pó e a rotina de como este se acumula, como se consegue dar um passo mais além, e entabular um diálogo entre o Homem do Pó (Quero ver quando fazes um diálogo com o Homem do Gás!) e a tua própria persona!
É como digo, simplesmente genial! Não te vás esquecendo dessa faceta, não a deixes sufocar debaixo da seriedade do trabalho!

Um abraço