2 de agosto de 2010

Ausências...


Ainda que cortado pela fresca brisa primaveril que o obrigava a levar casaco, o Sol tinha voltado a brilhar no céu.
Tal como o tempo e apesar do aperto no peito teimar em não o largar os dias voltavam, pelo menos aparentemente, à normalidade.
Inconscientemente pensava no “como vou viver quando olhar para o lado e não estiver ali?”, mas tinha-se mentalizado que teria de superar de uma forma ou de outra a sua ausência.
Era difícil imaginar tremendo desafio. Na verdade não sabia se teria forças para o conseguir.
Tinha acabado de sair do comboio quando um arrepio lhe percorreu a espinha, como se lhe tivessem soprado no pescoço.
De imediato teve a noção do que seria.
Não! Estava a ficar paranóico...
Tentava tirar estes pensamentos da cabeça, mas não conseguia.
Quando passados os vinte minutos de caminhada da estação a sua casa, meteu a chave à porta, o aperto no peito fez-se sentir ainda mais forte.
Quando abriu a porta e encarou a única pessoa em casa, o seu mundo desabou.
Não foram precisas palavras.
Sozinho, chorou copiosamente durante o que lhe pareceu uma eternidade.
Ouviu um carro a chegar lá fora.
Parou de chorar.
Congelou o coração.
Ergueu a cabeça.
E preparou-se para seguir em frente.

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei. Há muitos momentos na vida que sentimos esta dor, esta ausência, este confrontar da solidão, que se vai atenunado com o tempo.
Momentos da vida.
Beijinho

Anónimo disse...

dizia-te eu há pouco, que gostava muito de te ler e é verdade.
é pena, que por vezes escrevas pouco.
alma bonita a tua. Força ai, sempre a continuar