3 de maio de 2009

Ai despedida



Acordou, ainda com o cheiro a álcool no corpo e uma dor de cabeça leve como chumbo.
Ontem havia bebido como nunca o tinha feito.
O dia estava cinzento, mas ele usado, cego e molhado de tanta lágrima que por ali passou.
Olhou de lado a guitarra que o acompanhou naqueles quatro anos de tuna.
Para trás sabia que com ela ficaria perdida, aquela que no vale da morte continuaria a ser a sua mais intensa paixão, a sua rapariga.
Ali, naquela imensa Coimbra, negra, mas sempre pré-adulta, que transborda de vida a cada pulsar, releu pela última vez o bilhete que ela lhe havia escrito:

Ai desejo,
aquilo a que obrigas...
Sempre que te elevas,
para lá da razão.


Ai razão,
aquilo a que obrigas...
Trincar lábios de vontade,
sangrentos que de tanta...
Lembrança,
um dia serão saudade.


Ai despedida,
aquilo a que obrigas...
Um virar de costas,
lágrimas,
que por dentro queimam como brigas soltas.

1 comentários:

Anónimo disse...

:)

L I N D O.

"Coimbra é nossa. Coimbra é nossa e há-de ser... Coimbra é nossa até morrer!"

BeiJaçOOooOOoO